Quando começa o começo: por onde puxar o fio da psicoterapia infantil

Fotografia: Carol Macedo

A nossa vida se organiza em começos e meios e fechamentos de ciclo. O calendário, o dia, nossas agendas e nossas previsões: o que vem primeiro, o que deve vir depois, vamos fazer tudo na sua devida ordem? A vida da criança se organiza assim também, desde antes de ela existir, veja bem. E, todos os anos, os encaixes se dão dessa mesma maneira. Mas com a terapia, parece que o jeito é um pouco diferente.

Já recebi crianças para psicoterapia em janeiro, fevereiro, abril e dezembro. Nos últimos dias do ano. Na semana do carnaval. Semanas antes de mudar de cidade. Ou recém-chegadas de mudança de cidade. Uma vez, ouvi de uma colega psicóloga (também minha amiga, se chama Cecília) que psicoterapia pode ser sempre bom, mas não em todos os momentos.

Acho importante que o começo da psicoterapia se dê num momento em que a família (os cuidadores imediatos da criança) estejam dispostos a… começar! E esse momento independe de qual data seja, ao longo do ano. Independe se a psicóloga está prestes a entrar de férias, ou se a família está prestes a viajar. Porque o começar-a-fazer-terapia vem antes da criança estar, na sessão, frente a frente com a profissional. Vem aqui: quando os pais se convencem em entrar no processo, e começam a buscar algum psicólogo. Depois, passa pelo entrar em contato com o profissional, e então, ter uma primeira sessão com ele, assim, só os adultos. E, na sequência, conversar com a criança de que ela irá para um lugar assim, um pouco diferente: uma sala cheia de brinquedos, uma sala guardadora de segredos. Isso tudo já é começo bem andado, já é psicoterapia caminhando.

Às vezes, já nesse momento de preparar-se, algumas mudanças começam a operar na família. Uma tranquilidade pode assentar. A criança, principalmente se for “criança grande”, começa a se preparar para ir para esse lugar diferente e já tem uma nova perspectiva de estar sendo cuidada, de que está sendo vista e ouvida por seus pais. O movimento na família agora é outro. O movimento dentro da criança já pode começar a ser outro também. Não é sempre assim, é claro. Mas muitas vezes é.

E aí, para saber como vai ser, o que precisa é, de novo: começar. Toda jornada precisa desse primeiro passo, que pode ser dado em qualquer momento do semestre, do ano, da vida. E depois de dado ele, é só seguir.

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