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Sobre quando podemos buscar, para a criança, a psicoterapia

Já cheguei a falar por aqui, bem ali, que o começo da psicoterapia infantil pode se dar em qualquer momento do ano e/ou da vida da criança. Sem receita pronta para isso. Falei, também, que o começo desse processo se dá num-antes: na procura pela psicoterapeuta, no primeiro contato virtual, na organização familiar prévia ao ingresso nessa nova fase da vida da criança… Tudo isso, eu penso, já é início de psicoterapia.

Mas no ali e no acolá eu vejo que tem sido importante falar sobre quando, digo, diante do que, esse processo deve se iniciar. O que a criança precisa fazer para eu marcar uma psicóloga para ela? O que ela precisa deixar de fazer para eu marcar? Ela precisa me dizer? Ou a escola, ou o vizinho, de repente a internet?…

Parafraseio mais uma vez minha colega de profissão, Cecília, para dizer que psicoterapia pode ser sempre bom, mas, em alguns momentos, ela cabe um pouco melhor. Assim, na infância, a psicoterapia pode ser boa em diferentes fases, mas há alguns momentos, particulares na vida de cada criança, que pedem um pouco mais essa atenção.

Vamos olhar para a criança? Assim nos ajuda a saber.

Um bom sinalizador de que pode ser o momento de procurar a terapia são as mudanças bruscas de comportamento. Uma criança repentinamente agressiva, ou repentinamente chorosa, ou reclusa, ou mesmo adoecendo… Podem ser indícios de que, psicologicamente, ela precisa de um novo olhar. Isso porque as mudanças de comportamento às vezes são as crianças processando, da maneira delas, um evento disruptivo, uma notícia difícil, um momento mais desafiador.

Outro sinalizador importante são os comportamentos do tipo regressivos. A criança que já passou pelo desfralde volta a ter escapes de xixi e/ou cocô… Ou aquela que nunca fez xixi na cama, já depois de desfralde, também, passa a fazer. Crianças que voltam a falar com vozinha de bebê, num timbre infantilizado, seja em momentos pontuais ou constantemente. E também algumas que querem retomar a chupeta, a mamadeira, o adormecer acompanhado. São exemplos. São possibilidades de indicadores de que algo pode estar desorganizado por dentro do infante.

Entretanto, também não precisamos esperar a criança sinalizar, via comportamento ou fala, um momento de necessidade da psicoterapia. Porque esta pode acontecer de maneira preventiva ou à guisa de acompanhamento. Sabe quando? Ao se aproximar momentos potencialmente desafiadores como separação dos pais, mudança de cidade, mudança de escola. O nascimento de um irmão ou irmã. O ingresso na alfabetização. A entrada na pré-adolescência. Enfim, as grandes mudanças – ao longo da infância, elas são umas tantas.

Na sala de terapia, já recebi crianças com as mais diversas demandas. Como as acima, e também outras. E são essas demandas que exemplifico para o pequeno quando ele/ela está na primeira sessão comigo. Assim falo: “São vários os motivos que fazem uma criança ir para a psicóloga… Algumas vêm aqui porque têm muitos medos. Outras, vêm porque andam agressivas. Algumas, ainda, vêm porque vão passar por uma grande mudança nas suas vidas. E também tem aquelas que vêm porque estão tristes demais, ou ansiosas demais, ou com alguma emoção atrapalhando um pouco os seus dias.”

Acho que assim, como explico para elas, fica claro para você, também, como resumir essa longa resposta que veio antes em forma de texto.

Foto: Carol Macedo
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